quarta-feira, 17 de outubro de 2007

. um quilômetro .




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Hoje eu vi uma vaca na frente da minha faculdade. É tão raro quanto o que aconteceu comigo na terça-feira passada. Geralmente saio do trabalho e vou pra aula de van: sempre lotada, sempre vou em pé, sempre quarenta minutos. Resolvi que iria de metrô naquele dia. Também é lotado, eu fico em pé, mas demora dez minutos pra chegar até a faculdade. Tudo bem que depois pego outra van até a faculdade, mas acaba valendo mais a pena pelo tempo. Enfim, nesse dia fui de metrô. Até a estação é uma bela caminhada, então fui conversando no caminho com um amigo do trabalho. Esperei o trem que demorou uns cinco minutos pra chegar, me despedi e entrei. Na verdade, quase não entro. Percebi que uma senhora estava me empurrando com medo de que a porta fechasse nas suas fuças. Segurou na minha blusa com força dentro do vagão, e percebi que ela não tinha lugar pra segurar-se. Eu disse: “- Pode segurar.”. Ela, então, me abraçou com força. É estranho quando alguém desconhecido te abraça. Mas ela era idosa, estava num metrô lotado e sem lugar pra se segurar. Fiz minha boa ação do dia, apesar de ter me lembrado de alguns dias no metrô de São Paulo, eu perdida na cidade com um ex-namorado e ele falava “ – Me abraça pra não cair, amor.”. Nunca acreditei que isso funcionasse, de verdade. Na terça, atestei que funciona sim. Voltando, essa senhora desceu logo na próxima estação. Foi aí que eu vi a coisa rara. O metrô parou, e assim que abriram as portas, o vi de perfil saindo do vagão. Estava com uma camisa pólo verde-musgo, a barba de sempre e os cabelos de sempre. Digo de sempre, porque não o via há muito tempo e ele estava exatamente igual ao passado. Saiu com pressa, acho que me percebeu lá. Até então eu não o tinha percebido. Fiquei pensando depois em como escreveria isso tudo aqui, em como foi emocionante e triste ao mesmo tempo. Coincidência ou algum sinal áureo-místico. Como eu ousaria pegar o mesmo horário, o mesmo metrô, o mesmo vagão de uma amizade que outras pessoas deixaram que se fosse, como um choque que tomei e nunca mais quero tomar, como algo proibido que nunca se deva fazer, como um coito interrompido para todo o sempre? Como eu ousaria querer mais problemas daquele tipo na minha vida? Como me ousei?

Ainda acho que o futuro ainda está por vir, mas mesmo que a amizade implore por perdão, por volta, por carinho, não darei ouvidos.

Não por orgulho, mas por não merecer.



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quarta-feira, 3 de outubro de 2007

. pequenos traumas passados .





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Já passou a minha época de emburrar quando se fala em emagrecer.
Acho que já deu, até pela insistência dos meus pais com relação a isso ao longo de toda a minha vida, principalmente a parte da adolescência. Comer me faz bem e feliz. O que quero comer, como sem delongas. E se falarem, eu digo e repito "me deixem comer, eu gosto de ser gordinha". Pode não ser muito saudável às vezes, ainda mais combinada com coisas super-calóricas, cigarros e bebidas. Mas pode ter certeza de que ser gordinha quase (lê-se quase, já fiz terapias a pedido da família e aceitação minha) nunca afetou minha vida. É claro que quero emagrecer! Qual gordinho que não quer, oras? Os padrões atuais existem pra isso: colocar na nossa cabeça que temos que ser quase uns vara-paus, que ser gordinho é feio e que nunca você vai achar alguém que te ame de verdade, que ter pneuzinhos afetam na sua vida sexual. Me desculpem, mas que merda, hein? Às vezes você não está bem com seu corpo por causa daquela propaganda de perfume que aparece um gostosão ou uma gostosona quase completamente despidos, e a pedido disso somos OBRIGADOS a nos sentirem garotos(as)-propaganda. Emagreça por você e não por que te exijam ou influenciem.

E aliás, com todas essas gordurinhas, gostosona eu também sou.
Na moral, ficaria ainda mais se emagrecesse uns 15 quilos.

Emagrecer só vai acontecer quando a minha força de vontade for maior do que a vontade de comer. E emburrar não resolve nada.



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