quarta-feira, 20 de maio de 2009

um dia no mês.

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como eu gostava das tardes ensolaradas, a ambulância na rua com a sirene ligada, os carros abarrotando os caminhos da galvão bueno. de quando eu acordava e ele vinha com um pote de sorvete e uma caixa de chocolate me dizendo que tinha lembrado de mim no caminho de volta do trabalho. das noites gostosas que passamos naquele restaurante. íamos todas as quartas-feiras, chegávamos cedo para conseguir bons lugares (geralmente no balcão, onde dava pra ver a cozinha). era o de sempre, o guiozá na entrada e os respectivos lámens. eu pedia caldo de shoyu e ele de tonkotsu, 'big' ainda. dois dragõesinhos. ele me mostrava o tiozinho japonês preparando os guiozás, velho interessante. depois voltávamos ladeira acima pr'aquela quitinete que o cunhado tinha emprestado pra gente numa das viagens dele à europa.
mas o melhor de tudo é que essa lembrança fica apesar do amor ter-se ido.
hoje (e tantos outros dias, mas principalmente hoje) tive a certeza de um coração sem amor. sim, o meu coração não possui mais nenhuma gotazinha sequer daquele amor. o tempo desgasta, as revelações aparecem, a vontade diminui e as pessoas mudam. da forma que elas preferem mudar.
de tudo o que vimos, de tudo o que vivemos, o qu
e guardo comigo são lembranças boas como essa citada acima.
e é tudo que quero levar adiante.
só.

hoje é dia vinte.

e só me dei conta agora.



ouçam o novo cedê do wilco, ficadica.
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quarta-feira, 13 de maio de 2009

acordei de um sonho vão.

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o fim de tarde se aproximava e eu sentada lá, no telhado de casa, apreciava mais um incrível céu de fim de tarde. estava de um laranja quase vermelho, me fazia pensar que o sol era um vulcão no meio do céu. é mais ou menos quando algo invade a calmaria. algo tão bonito que não queremos desgrudar os olhos, a boca, o corpo, dividir o mesmo ar.

quero um vulcão lindo desse no meu céu.

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o céu da tarde
se enchia de vermelho
e a solidão que arde
matava dentro do peito

um vulcão dominava
aquele que era feito
de azul e branco
num ritmo perfeito

não solidão,
não paixão,
sim, você
n'um sonho vão.

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quarta-feira, 6 de maio de 2009

ilusãopaixão.

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e enquanto o verão acaba, o vento frio de um pré-iverno bate no meu rosto, mas ainda sinto uma brisa que não incomoda. pelo contrário, a brisa que tá chegando me diz que novos verões e novo ares virão.

ela caminha lentamente até o próximo café, é um vício. senta-se e espera o pedido chegar: um moccachino. assim que chega, o aroma entorpece suas narinas e esquenta suas bochechas. ela só quer aproveitar aquele momento sozinha. não liga para as pessoas nas outras mesas, mas um rapaz a observa discretamente. rapaz pomposo, bonito e de boa família. ela não quer saber. para ela, o romantismo não existe mais. nem ela consegue ser tão romântica quanto foi aos dezessete anos. agora é adulta e o sonho de ter alguém já foi deixado para trás. não se interessa por ninguém como antes e as novas chances ela deixa passar. sempre que se apaixona, acha que esse cara já tem outro alguém que possa preencher as lacunas do coração. então, desiste. se volta para a mesa de granito do café. sem esperanças de ter alguém que a ame e sem sequer percerber o olhar do rapaz, levanta-se e vai embora. ele egole seco, aquela chance de conhecê-la foi-se sem sequer tentar. ela caminha, não olha para trás, o vento ainda bate no rosto e tudo o que ela quer agora é que o dia acabe. que amanhã seja um novo dia.

a paixão a gente deixa passar, até que ela chegue no auge.
talvez ela se disperce, talvez ela fique mais forte.
talvez não se apaixonar seja a melhor opção.
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