quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

breve.

por todas as madrugadas em alta velocidade, pelos desertos urbanos e os amigos ali, bêbados, cantando, quando me vir em cantos obscuros, sentirei saudade. a minha felicidade quando passo pelas largas avenidas iluminadas, pela imensidão da noite sem saber onde vou parar ou nos vários bares das entrequadras, não vai ser igual em lugar nenhum. me despeço, sem nunca esquecer dessa brasília que enche meu coração de alegria sempre.
até o raiar do dia.
estação 102 sul um dia desses, foto por luã.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

déjà vu.

a rua vazia embalava aqueles laços afetuosos e tão imensos que quase não cabiam em seus braços. depois de tanto tempo já não tinha como comparar mais. havia esquecido como era o beijo, o carinho, o encontro e mesmo que tudo se repetisse da mesma forma que o fora, jamais seria igual. deixou-se levar pelo som flutuante do silêncio, cortado pelo sino de metal do vizinho que entoava com o vento e estava lá propositalmente pois nunca o tinha ouvido antes. nem uma palavra, só um sentimento e uma música aqueciam seu coração e perseguiam suas têmporas n'um ritmo confuso e ao mesmo tempo pacífico que acalmava seu espírito e deixava uma segurança passageira naquele corpo que se perdia no significado da paixão.
depois de um adeus, nunca mais o vira e preferia que tudo permanecesse naquela rua vazia, cheia de paz, cheia de alegria.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

em casa.

a chuva em casa não pára,
são pedro mandou uma nuvem pra cá.
ela só chora, chora, chora.
não vê o futuro que tarda
e que não chega
pra quem quer descansar.

o sol em casa só falha,
o céu fechado não deixa ele entrar.
só faz sombra por cima de sombra,
mas, quando aparece
ninguém entende
que ele só quer clarear.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

brêu.

vem pra minha imensidão,
esquece essa luz de uma vez.
sente o meu ombro almofadado
com deleite e com amparo
vem curtir o apagão.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

bem longe;

aurora outrora me disse
que não tinha santo que curasse
um coração amargo no âmago
de um ser apaixonado de fato.

aurora pediu que sumisse,
que só assim poderia à vontade
ser feliz mesmo distante
mas completo de saudade.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

meu chão

flutuo n'um céu de canivetes
abro meus braços para sair
e não consigo. me talho por liberdade
e não consigo. me mato para ir,
sem ter que voltar nesse inferno.
nesse instante quero meu progresso,
minha liberdade.

olhem mães, olhem pais!
estou, enfim, livre!
mas não se privem
da minha ausência,
não me esperem mais.
estou bem longe daquele céu
e mais perto do meu cais.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

adolfo.

eu gosto de música.
hoje penteei meu cabelo como o do rei do rock, aquele que dizem que não morreu.
para mim, ele está bem morto. não que a música dele passe a ser ruim por isso. eu gosto muito, juro. minhas olheiras não enganam.


quarta-feira, 14 de outubro de 2009

meio verão.


por que uma andorinha sozinha
não pode ser feliz
se ela tem um coração
e a vida que sempre quis?


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

não-me-toques.

uma folha aberta,
o dedo toca
e se fecha
com o orvalho.

o coração arde,
os braços abrem
e assim cabe
um vazio solitário.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

da garoa, da saudosa, da são paulo.

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gosto desse semi-inferno. por mim, abraçava o capeta todo santo dia.
-

a neblina da madrugada subia às vistas de quem descesse a augusta. fomos eu, um grande amigo e uma grande amiga comer pizza n'uma noite gelada, embriagada e escandalosa. o filme da câmera analógica não parava de rodar e as risadas continuavam n'um uníssono, quebrando o silêncio fúnebre do corredor do hotel. ali tinha festa, amor. e agora fica uma saudade que bate à porta do meu quarto, me chamando para matá-la com mil abraços, mil sorrisos, mil carinhos e muita felicidade.

-

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

fez-se morada.

no meu peito mora uma felicidade enorme: quer gritar, falar que está aqui. mas a garganta nao deixa, sufoca, tosse palavras que não são aquelas desejadas e ao invés de colocar tudo pra fora, espirra e molha quem estiver por perto.
peço que corte-o, com muito carinho e que me cale com as suas palavras mansas. amansa meu coração, acalma minh'alma e sorri daquele jeito dizendo que entende, que me quer contigo de peito aberto.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

das nuvens;

e se eu pudesse descer e dizer: ei, sua plantação tem forma de um lobo uivando e se completa com a plantação vizinha, que é como a lua. e mais: sabe todos esses laguinhos? lá de cima refletem como pequenos espelhinhos que brilham forte quando o sol bate, é lindo de ver. mas certo que se eu descesse pra dizer, morreria. de cima é tudo tão diferente e às vezes meu medo some de tão bonito que é ver aquilo. de imaginar: o que são aquelas partes verdes e enrrugadinhas? e se disserem que são montanhas, prefiro acreditar que são dobras da saia de alguma menina perdida n'um absurdo verde e infinito, dançando; e ver aquelas curvas brilhantes e me disserem que são apenas canais de rios ou lagos, prefiro pensar que é o resquício de lágrimas de alguma pessoa muito solitária na imensidão do planeta.
da solidão, do alto. o que me resta é chegar em casa. pisar firme no chão e parar de sonhar. porque os sonhos não passam de realidade imaginada. e carrego eles pra não perder minhas asas. meus pés, minha caminhada.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

negação.

-
e se um dia disser que me ama, calarei-me. não posso amar-te da mesma forma, não sou páreo para esse combate. fecharia meus olhos e pediria com delicadeza que se entregue à ela. pois, ela sim merece esse árduo e duvidoso amor. eu sou pura solidão, mas me completo sem o seu empasse.

-

(afastarei-me para o sul. de uma ou duas quartas vocês ficarão nus.)

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

to drown.

me afundo n'um mar profundo e inteiro de saudade. a escuridão confunde, borra e escorre nos meus olhos. não vejo além, só sinto. e se digo que não quero mais vê-lo, minto. o desejo que me completa vai e eu deixo ir. vai como um novelo de lã depois de ser desfiado pelo felino feliz: uma hora cansa, acaba, o fio estica, a vontade passa. a rotina chega assim, o marasmo transborda e molha esse mar inteiro.
cheio dele, vazio de mim.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

aurora.

desenha-me com gosto:
meu colo na fuga,
teus dedos nos ângulos,
minha boca na tua
como uma luva
em teu rosto.

do teu peito ouço
as batidas proibidas
a mão, inibida
e a libido esquecida.

recita tua escrita,
me mostra o que tu gosta
que só por hora
preciso de ti
até a próxima aurora.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

alourado.

vem de longe e
preencha minha noite,
me encha de libido.
sugue minha alma,
inale minha pele,
me beba em vinho,

meu leitor preferido.

tela: tânia leal



terça-feira, 4 de agosto de 2009

comunhão, quarta-feira 3a.m.

ivanpielke.blogspot.com diz:
rima é de nada
deixa que elas falam sozinhas
durma que ela vê
tudo que tu és, como ninguem foi
todaquarta.blogspot.com diz:
no sonho vão
se tira um pedaço
vem uma ilusão
de alguem que te diz oi
ivanpielke.blogspot.com diz:
vai mais um rumo ao abismo
dizer a vida "não"
(foi-se matar)
todaquarta.blogspot.com diz:
enquanto o que vem
à frente dizendo, contente
o sim de um sinismo
latente
(desistiu)
ivanpielke.blogspot.com diz:
Egoísmo, nao (desiste) de si
como guri, com revolver latente
todaquarta.blogspot.com diz:
se mesmo as máguas
de um rio que vai, corrente
te enxugam as árduas rugas,
cruas e nudas
da vida-presente.

estou junto a ti.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

do telhado.

subiu n'aquele telhado para ver o bairro. as luzes da cidade refletiam nas lentes. tirou os óculos, olhou fixamente pr'aquela imensidão e disse: me sinto grande agora. recolocou os óculos e n'um olhar profundo pra mim, sorriu aquele sorriso sem mostrar os dentes, cheio de covinhas, cheio dele.

foi grande pra mim.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

máscaras.

-
lástimas ou gargalhadas?
nunca sei o que está
por trás de suas
máscaras.

simula o meu colo em outra,
drama esse amor que passa,
age no palco do meu coração,
como um roteiro mal feito,

que se amassa.
-

para: http://blogsintonizados.blogspot.com/

terça-feira, 21 de julho de 2009

sobre pombos e amor.

-

da ânsia em ter, não tenho. e todos que passam deixam sombras duvidosas. e essas dúvidas promovem o vazio e a desistência do que procuro. deixo de lado o que me vem a frente e o que está ao meu lado continua ali, parado. uma estátua gélida, pálida, ouriça; de onde não se sente nada, não se ouve nada, muda, absurda, esculpida. e tudo o que percebo são fezes de pombos nos ombros. o que era para feder não fede, o olfato não funciona e continuo a ignorar o sentido de tudo isso. a ânsia passa, a vontade passa, e nada, absolutamente, me diz solenemente que me ama.

os pombos ao menos voam.

-

quarta-feira, 8 de julho de 2009

-me


-
a madrugada me preenche com fumaça, miados sóbrios e pensamentos flácidos - como n’um dia de chuva enquanto ela cai e se deita pelas belas curvas de sua boca e quando diz que me ama. não esperarei mais um minuto sequer para ouvi-lo novamente, para ver o seu sorriso contente ou procurar um coração no meu peito carente. pois, se as nuvens roxas existem no meu céu pela noite, você existe em algum lugar na imensidão de um belo azul do mar. sendo assim, não te encontro.
porém, venha me encontrar.
-

quinta-feira, 2 de julho de 2009

passarim.

-
passa perto, passarinho. vem pra mim bem de mansinho.
voa longe, passarinho. bem pra perto do meu ninho.
-

quinta-feira, 25 de junho de 2009

um sorriso.

-

n’uma noite embriagada, pelos teus olhos miúdos fui conquistada. e que desse olhar me saem mudos desejos e nulas volúpias dos seus beijos. que te calem com um sorriso de mesmo anseio e que meus seios em puro desejo te extasiem, te matem, te arrebatem. e nas têmporas empenhadas em dar um belo passeio pelas curvas obtusas de um arreio, sob seu peito coberto de pêlos me deleito, me esqueço e te provo com respeito.

-

quarta-feira, 17 de junho de 2009

erótico.

-

súplicas e fluidos
o colo nu, deitado
entre dedos duros.
com ardor latente
d'um peito obtuso,
as curvas cintilantes,
sob lençóis mudos.
os desejos de antes
estão presentes:
suor,
beijos
lábios,
seios,
nus -
árduos.

e nós dois,
n'uma selva:
contentes.

-

sábado, 6 de junho de 2009

dispersa.

-
dê-me uma dose de inspiração
pr'eu sentir bem leve o sol
deitar na areia,
ouvi-lo cantar

afagando meu rosto
como gotas de algodão
esquentando minha pele
levantando meu torso
n'um balé mágico
sinistro e sinuoso
me tirando do chão

onde idéias são efêmeras
como um delírio rancoroso
na brisa que passa, assopra
rodopia e desbota

esse belo par;
eu e o mar.
-

quarta-feira, 20 de maio de 2009

um dia no mês.

-


como eu gostava das tardes ensolaradas, a ambulância na rua com a sirene ligada, os carros abarrotando os caminhos da galvão bueno. de quando eu acordava e ele vinha com um pote de sorvete e uma caixa de chocolate me dizendo que tinha lembrado de mim no caminho de volta do trabalho. das noites gostosas que passamos naquele restaurante. íamos todas as quartas-feiras, chegávamos cedo para conseguir bons lugares (geralmente no balcão, onde dava pra ver a cozinha). era o de sempre, o guiozá na entrada e os respectivos lámens. eu pedia caldo de shoyu e ele de tonkotsu, 'big' ainda. dois dragõesinhos. ele me mostrava o tiozinho japonês preparando os guiozás, velho interessante. depois voltávamos ladeira acima pr'aquela quitinete que o cunhado tinha emprestado pra gente numa das viagens dele à europa.
mas o melhor de tudo é que essa lembrança fica apesar do amor ter-se ido.
hoje (e tantos outros dias, mas principalmente hoje) tive a certeza de um coração sem amor. sim, o meu coração não possui mais nenhuma gotazinha sequer daquele amor. o tempo desgasta, as revelações aparecem, a vontade diminui e as pessoas mudam. da forma que elas preferem mudar.
de tudo o que vimos, de tudo o que vivemos, o qu
e guardo comigo são lembranças boas como essa citada acima.
e é tudo que quero levar adiante.
só.

hoje é dia vinte.

e só me dei conta agora.



ouçam o novo cedê do wilco, ficadica.
-

quarta-feira, 13 de maio de 2009

acordei de um sonho vão.

-

o fim de tarde se aproximava e eu sentada lá, no telhado de casa, apreciava mais um incrível céu de fim de tarde. estava de um laranja quase vermelho, me fazia pensar que o sol era um vulcão no meio do céu. é mais ou menos quando algo invade a calmaria. algo tão bonito que não queremos desgrudar os olhos, a boca, o corpo, dividir o mesmo ar.

quero um vulcão lindo desse no meu céu.

-

o céu da tarde
se enchia de vermelho
e a solidão que arde
matava dentro do peito

um vulcão dominava
aquele que era feito
de azul e branco
num ritmo perfeito

não solidão,
não paixão,
sim, você
n'um sonho vão.

-

quarta-feira, 6 de maio de 2009

ilusãopaixão.

-
e enquanto o verão acaba, o vento frio de um pré-iverno bate no meu rosto, mas ainda sinto uma brisa que não incomoda. pelo contrário, a brisa que tá chegando me diz que novos verões e novo ares virão.

ela caminha lentamente até o próximo café, é um vício. senta-se e espera o pedido chegar: um moccachino. assim que chega, o aroma entorpece suas narinas e esquenta suas bochechas. ela só quer aproveitar aquele momento sozinha. não liga para as pessoas nas outras mesas, mas um rapaz a observa discretamente. rapaz pomposo, bonito e de boa família. ela não quer saber. para ela, o romantismo não existe mais. nem ela consegue ser tão romântica quanto foi aos dezessete anos. agora é adulta e o sonho de ter alguém já foi deixado para trás. não se interessa por ninguém como antes e as novas chances ela deixa passar. sempre que se apaixona, acha que esse cara já tem outro alguém que possa preencher as lacunas do coração. então, desiste. se volta para a mesa de granito do café. sem esperanças de ter alguém que a ame e sem sequer percerber o olhar do rapaz, levanta-se e vai embora. ele egole seco, aquela chance de conhecê-la foi-se sem sequer tentar. ela caminha, não olha para trás, o vento ainda bate no rosto e tudo o que ela quer agora é que o dia acabe. que amanhã seja um novo dia.

a paixão a gente deixa passar, até que ela chegue no auge.
talvez ela se disperce, talvez ela fique mais forte.
talvez não se apaixonar seja a melhor opção.
-

quarta-feira, 29 de abril de 2009

quatro minutos.

não é pelas portas fechadas
e tampouco pelas ruas abarrotadas de gente
a minha casa já me deixa à vontade
sem precisar de nada lá fora
talvez o meu gato de volta
o sofá, o chá, sem pensar
nesse ardor suave da tarde
acomodada e pela metade
sem vazio latente.

domingo, 26 de abril de 2009

i <3 poa.

-
vou escrever tudo enquanto a memória é fresca.
achei que a última sexta-feira seria normal. aliás, além do normal, uma sexta-feira depressiva. lembro de estar num carro cheio de pessoas que se esmagavam pro conforto chegar, mas ele não chegava. lembro também de uma viagem até um lugar que já me era conhecido com pessoas conhecidas. uma bebida verde enchia a cabeça de amigos e encontrávamos mais e mais pessoas que jamais pensaríamos em encontrar aquele dia. uma garota de cabelo lilás se acomodou na mesa e era como se aquela conversa já enchesse a minha cabeça há um bom tempo. mas era da saudade que estávamos falando. de uma noite depressiva, tudo virou algo feliz. o saudosismo tomou conta do meu corpo e eu me sentia nova, novamente. eu sentia fome todos também. passamos numa lanchonete de tijolos com uma tenda amarela. aqueles lanches rápidos que satisfazem totalmente a vontade de comer. fui em direção a uma mesa quando a simpatia apareceu na minha frente. como era bom vê-lo. lembro das lembranças boas que abarrotavam minha mente e me diziam que tudo tava ficando bom de novo. sentei-me, comi. disseram que ele se virou, olhou pra mim como n'uma despedida branda. deixei passar, a paixão se evita até que ela venha à tona. ainda não cheguei no auge. resolvemos dançar e fomos. um calor infernal, pessoas andrógenas e bissexuais tomavam conta do lugar que fui pela segunda vez. um brinde para saudarmos a noite adentro, dia afora. 3:46am ao som de ready for the floor me lembrei de porto alegre. me lembrei do lucas, me lembrei do beco, me lembrei dos dias que passei por lá. e de como era bom dançar sem se preocupar com o dia seguinte, com o que as pessoas vão achar de você, de conversar na balada sem saber quem é quem. um conhecido passa com alguma bebida, eu dou um golezinho para, pelo menos, 'hidratar'. saí de lá como se tivesse tomado um belo banho de suor. desde porto alegre que não fazia isso. sinto que porto me pertence. sinto que posso viver em paz por lá. se fugir é viver, então estou fugindo.
a volta pra casa foi tranquila e engraçada.
depois disso, nada mais me lembro.

domingo, bandeirante e veka.
não sei direito o motivo, mas adoro estar aqui.
certa de que é a amizade que faz isso.
-

terça-feira, 21 de abril de 2009

fabulário geral do delírio cotidiano.

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numa outra estrada caminhei nos dias passados. uma coisa aqui dentro me diz que tudo vai ficar bem. muitas pessoas lá fora me confortam, me querem perto e isso tudo me deixa ainda mais animada com o que vem pela frente. ultimamente nado contra uma correnteza de medos, angústias, frustrações e incertezas. talvez essa correnteza vai ser a mesma a me carregar para a felicidade, talvez ela se chame futuro e me faça perceber que nada é previsível nesse espaço maluco entre o céu e o inferno. e então eu vou saber quando esperar e quando chegar a hora certa de agir.

muito obrigada: veka, nay, kelly, stenio, ader, lucas (aj), cory, yvan, daniel, joão, jim, madruga.
vocês sabem-bem o motivo.

-
isso aqui tá ficando sem graça, né?
juro que pára um dia.
-

quarta-feira, 15 de abril de 2009

don't linger on.

-

que esses dias passem logo. eu não aguento mais chorar por nada, ouvir velvet underground e me debulhar em lágrimas. poderiam ser de crocodilo. como queria que fossem. mas a dor é serena, calma e espero que passageira.

que a maré passe
e seus olhos venham
me abracem,
para o sempre,
como um lindo
enlace.

-

quarta-feira, 8 de abril de 2009

vintequatrodotrês: um acaso amigo.

-
eu acredito no acaso. acho que os leitores que passam por aqui já perceberam isso muito bem.
há algum tempo vem acontecendo um acaso muito bom na minha vida. não é só mais um coleguismo, uma coisa efêmera. sinto que pode durar muito. sinto que posso confiar, conversar, contar coisas íntimas. é uma coisa que parece ser de anos atrás, que faz falta se ficar longe. acho que encontrei em alguém, que não sabia que era tão próximo e tão comum de mim, uma grande amizade. a comunhão dos pensamentos, a maturidade da conversa, a procura de ambas pela felicidade mais simples nos momentos da vida. as risadas, os papos infinitos e as piadinhas engraçadas.

eu quero que dure bastante.
e que eu não quebre a cara de novo.
e que seja recíproco.

-

stolen

yesterday
he threw your heart
in the sea,
far away.

worries
fill out his chest and
just you felt
the pain.

no love, no game.
i'm here with you
and i will

stay.
-

sábado, 4 de abril de 2009

valor ao inválido? eu quero é viver.

-

um sábado, uma chuva, uma música.

nada disso reflete o que vivi ontem. um show, um garoto, uma felicidade.
a sexta-feira foi um dia de amigos, de se apaixonar, de se sentir bem. e há quanto tempo não me sinto assim? percebi que pessoas são só pessoas até que elas gostem de você e se tornem amigos. e eu me sinto assim, cheia de amigos. cheia de pessoas que gostam de mim, que me valorizam e apreciam minhas medidas, meus pensamentos, minhas tristezas e alegrias.

fui recebida com um sorriso lindo no final de tudo e um abraço apertado que dizia: camila, estou aqui perto de você e te seguro. e ele disse: que bom te ver aqui.

alto lá, não fale assim não. nem no medo vão nos ver ter a vida feliz. mas cansei pois, além disso, nossa estupidez não nos deixou ver quanto gris. ah! essas tuas frases já não ofendem mais. meu quarto e sala já tem um fiador e se você quiser saiba que eu tenho já meu amor.
nem mais sei quem é você que está aqui de mudanças,
só vou lhe deixar aí solidão e lembranças.
vê se vem buscar o que restou aqui de lembranças,
pois já é hora de pôr recordações para fora.

-

quarta-feira, 1 de abril de 2009

tarde.

-
a obviedade me consome.
gosto de sentar nos mesmos lugares. na mesma cadeira do café eldorado.
aquele espaço me deixa nostálgica. é lá onde meus pensamentos flutuam sobre o chantilly do frapê que peço. junto com uma cestinha de mini pães de queijo. olho as pessoas apressadas passando na frente daquela galeria agitada. os cheiros se misturam no ar. água com gás, café, camila. me levanto querendo mudar algo em mim, algo que eu nem sei o que é, que me deixa sem saber o que sou, pra onde vou. passeio pela marquise, acendo um cigarro, olho pro céu. as antenas são as mesmas de antes, a foto fica guardada na memória. queria minha câmera ali, naquele instante. onde o sol brilha laranjado no fim de tarde e reflete no chão, no pátio do conic. vou embora, sem foto, sem rumo, com sede. sede de fotografar o urbano, a cidade, as pessoas. captar meus pensamentos. congelá-los.

ai, como queria.
-

sábado, 28 de março de 2009

nessa sexta.

-
um quarto escuro, um vazio absurdo. a fumaça entorpece e dança belamente naquele fundo sem fim. um fundo preenchido por mim. não sei se sou nada ou tudo. o sol aparece, porém não passa pela cortina. nublado, azul, cinza. os tons se misturam. melancolia e solidão me preenchem e agora sinto que sou tudo. eu, a fumaça e todo esse dia que se deita sobre os meus ombros. pesa, machuca, arde. queria ser nasser ali khan, queria ser o frango com ameixas da satrapi. deitaria solenemente na cama, fumando e deixaria o acaso me acompanhar, ser amigo do meu coração.
-

pés descalços n'uma
mente vazia
me inebria, me aquece

no raiar do dia
o acaso, a estadia
o amor não é sereno

cobre o meu peito
como um balão
cheio de vento.

-

quarta-feira, 18 de março de 2009

resumo.

-
um sol gostoso de fim de tarde, uma pedalada rumo às nuvens -'o céu tá lindo', disse o lehi. e estava lindo mesmo. o céu que só brasília tem e nenhum outro lugar do mundo se atreve a ter. a brisa leve batia gostoso, a gente sorria, tudo ficava muito bem. estávamos entre amigos. e eu me esquecia de todo esse paralelismo que vivo. desapego.
-

today was a pretty day
no disappointments
no expectations on your whereabouts
and oh, did i let you go?
did it finally show that strange things will happen if you let
them?

today I didn't even try to hide
i'll stay here and never push things to the side
you can't reach me cause i'm way beyond you today

-

quarta-feira, 11 de março de 2009

to inspire

fly wind, fly
when the sky
is not blue
and your gorgeous eyes

fill me with peace
lights down
over my wrist
your mouth will

disguise

quarta-feira, 4 de março de 2009

um vazio, um aconchego.

uma janela é aberta para a saudade e tudo que enxergo está longe. não é por falta de pensar, nem por falta de querer, mas nada disso vai fazer tudo aquilo voltar pra perto: os desejos perdidos, os sentidos esquecidos, o perfume extasiante. um horizonte se distancia dos meus olhos, outros olhos me observam do outro lado. discretamente nos afastamos e aquela saudade se esvai, sem nenhum aviso, sem nenhum abraço, sem nenhuma despedida, com muita tristeza. no futuro os olhos se encontrarão novamente e nada vai ser melhor do que ficar olhando.
um piado na madrugada, um sorriso de lágrimas, uma nostalgia atada.

ah, nada vai ser melhor.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

aprendizagem.

um dia a gente aprende que não se dever sair na chuva pra se molhar. que mesmo que o molhado seja bom não vale a pena toda essa lambança. a chuva, pode ser linda, pura e gostosa de se sentir no rosto, porém, é chata e pode te deixar tão depressiva quanto elliott smith no auge da sua fama.
o que quero dizer é que nem sempre vale a pena dar valor a determinadas pessoas. você nunca vai ser retribuido da mesma forma, a não ser que a pessoa goste de você. o que não foi o meu caso ao longo dos dois últimos meses. o sentimento de amizade não foi recíproco. e, meu deus, como fui burra de ter levado isso adiante.

'penso que gostava mais de você quando não te conhecia.'

isso foi o bastante pra me achar um monstro nessa quarta-feira.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

jaruco

de uma quarta nublada
vem a lembrança
do lábio cerrado,
do carinho, calado

dos olhos felizes,
do abraço apertado,
da saudade, atada.
que se vai, mais nada.

e não ouvirei,
dos olhos,
dos lábios,
dos sábios.

os olhares perdidos,
a lembrança esquecida
e a solidão,

sem razão.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

divagações de uma mente vaga

talvez por estar só
ao menos essa tarde
preencha-me com teus olhares

seguidos por bocas e colo
cheiros e ares
colares

de uma alma sem dono
sem alma
sem sono

insone

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

um espaço.

-
enquanto a porta entre o céu e o inferno se resume a uma fresta do meu pensamento, penso desesperadamente em transformar os arrependimentos em frutos de uma imaginação cadente, onde todos possam pairar e relaxar, fazendo dos seus os meus e vice-versa. não quero amores passageiros, vivências não-intensas. quero viver e fazer disso um balé para se ouvir, se dançar e se sorrir.
e se um dia isso tudo me levar ao inferno, levem-me.
talvez lá seja melhor do que isso que denominamos céu.
-

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

o tempo passou, mas continuo bem viva.

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eu tenho vinte e dois anos e não sou formada em nada.
minha mãe diz que eu perco tempo, eu digo que eu quero fazer o que eu gosto e ela não investe. as coisas vão mudar, eu tenho certeza. morro de medo do futuro, de que nada do que eu escolha dê certo. mas se for por medo, eu não vivo.
sinto falta do abraço, do carinho, do apoio.

e se depender dos meus pais, eu vou continuar sentindo falta.
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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

porto alegre da saudade.


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eu não vou me esquecer daqueles dias. eles só anoiteciam as oito e meia e deixavam um sol laranja, lindo, enorme no céu. depois vinha uma penumbra colorida que se misturava com o azul escuro da noite. a lua já preparada em grande estilo, aparecia. o verde das ruas, apesar do concreto, se destacava pelas sinuosas curvas das árvores ao longo do caminho. o viaduto, aquele que por muitas vezes não me deixava dormir, mas que eu gostava. a tradição, o chimarrão e os longos passeios a pé até os parques, na chuva fraca, no sol forte, na imensidão do urbano, na companhia da amizade. as festas, os colegas, os desconhecidos que fizeram parte da minha estada, a fumaça que não parava nunca, a música que me fazia rodopiar no salão. os beijos, os bolos, os abraços e os desentendimentos que não vou esquecer. as promessas não cumpridas que me faziam chorar e as cumpridas que me faziam abrir o maior sorriso no rosto. os piqueniques, deitar na grama e olhar pro céu, voar longe no pensamento, na imensidão daquela cidade.

não sei quando volto, mas tenho certeza que volto.
e a águia está sempre aberta.
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sábado, 3 de janeiro de 2009

diretamente do front

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um sábado atípico desde o dia em que cheguei em porto alegre. era pra ser um dia de céu aberto, um sol de rachar e um calor matador. mas o frio tomou conta do dia, e ele se tornou mais cinza do que o normal. às vezes não sei o que acontece comigo. os dias aqui estão bem bacanas, o lucas, a família dele, o cachorro, o ano novo, os colegas. como sempre me deixo levar por um sentimento invisível e chato, daqueles que não batem na porta antes de entrar e acabam bagunçando tudo que vê pela frente. me arrastam e acabam com os meus dias de sol, meu sorriso, minha vontade de sair, dançar, paquerar. não sei se mudo e se um dia eu mudar, vou sentir um alívio enorme no peito. nas noites em que saí por aqui, a melhor foi quarta-feira passada, o dia da virada. conversas ao pé do ouvido, bebidinhas, beijinhos e carinhos. me senti querida, amada, irresistível. depois veio a onda de tristeza. assisti brilho eterno de uma mente sem lembranças me debulhando em lágrimas numa madrugada regada a chimarrão.
se alguém souber o que acontece comigo, me digam. péssima maneira de começar o ano novo, né? mas tenho certeza que passa.

tudo o que eu queria nesse exato momento era meu gato ronronando no meu pescoço.

p.s.: ouçam ready for the floor do hot chip. é uma das poucas coisas que no momento me deixam bem, incluindo as piadinhas do lucas.
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