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Apaguei meu cigarro naquele cofrinho de metal, meu cinzeiro improvisado. À noite, o céu esbravejava, tremia as paredes e sabia do sentimento e da briga. Os relâmpagos acendiam no meu quarto e entravam como vultos no meio da noite, refletindo nos olhos do meu gato. O cheiro da fumaça me incomodava e tudo o que eu queria naquele momento era somente sentir outro perfume. Mensagens nervosas entoavam os celulares, iam e vinham num tom de discussão e não me deixaram dormir até as três da manhã. Chorei por três vezes ou mais. Não acreditava que aquilo estava acontecendo. Não queria... e à tarde me redimi. Logo depois das corriqueiras aulas-rotina, o encontro e a conversa deixou tudo mais claro. Em seguida o caminho até em casa, o pedido de desculpa mútuo e o abraço apertado que me fazia chorar novamente, dessa vez feliz por me sentir ali, juntinho. Ouvi uns barulhinhos bons no meu casaco e percebi que havia emoção e comoção do outro lado também.
Pude enfim, sentir o melhor perfume do mundo.
O perfume do carinho-amigo-verdadeiro-e-puro.
O dele e o meu.
E o de carro novo.
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